sábado, 12 de junho de 2010

Sobre namoro e regência verbal

Com o advento do inverno e do dia dos namorados, Sofia resolveu ir ao shopping com seu melhor amigo, Fred, para comprar um aquecedor e um cardigan cinza para o seu namorado. Ele amava cores sujas.

Depois de terminada a maratona de compras, os dois se sentaram exaustos nas cadeiras de carvalho do Café Nice e pediram o expresso que só aquele lugarzinho especial na Afonso Pena sabia fazer.

Como Sofia estava muito calada, o amigo puxou assunto:

- Hmmm, Tenho certeza que o Tiago vai adorar esse cardigan. Vai ficar muito bom nele.

Sofia bebericou a bebida quente e balançou a cabeça em desdém.

- Fred, você não sabe a sorte que tem por estar solteiro. Na maioria das vezes as coisas não são como nós pensamos. Sabe, a coisa vai caminhando pra rotina. – Explicou Sofia.

Já fazia algum tempo que a moça começara a evitar seu namorado. A relação havia esfriado.

- Está dizendo que acha melhor ficar sozinha?! – Admirou-se Fred. Ele era um romântico assumido, embora suas desilusões com as antigas namoradas fossem numerosas o bastante para fazê-lo pendurar as chuteiras, ou melhor, o coração.

- Não estou sozinha. Tenho você, a mamãe, o Rodrigo, a Lola... Mas estou decidida Fred. Acho que vou deixá-lo. – Disse Sofia teatralmente, terminando o café e se levantando.

- Vai me deixar?

- Falei que ia deixá-lo, não que ia deixar-te. – Riu Sofia ingenuamente. - Agora vamos. Acho que deve chover.

- Ah sim, claro. Português nunca foi o meu forte... – murmurou Fred no seu tom menos irônico possível.